terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dom Bruno Gamberini * 16 de Julho de 1950 + 28 de Agosto de 2011







A fé que professamos nos aponta à vida eterna, mérito e graça dada pela ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo que veio à humanidade revelar seu plano de amor. Disse Jesus: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

“É verdade que a tristeza da separação fere fundo nosso coração. Mas assim, como a noite vai cedendo o lugar a aurora, e, o dia vem surgindo, assim também, na força da fé, na esperança que carregamos dentro do nosso coração, essa tristeza vai se afastando de nós, e trazendo a alegria deste clarão da força da ressurreição. Meus irmãos e minhas irmãs, toda celebração litúrgica é sempre memória da páscoa. Isto também se realiza quando a comunidade cristã se reúne para celebrar a despedida de um irmão. Exéquias. As exéquias tem a haver com o êxodo. Saída. Passagem. Por isso a liturgia pelos nossos falecidos é sempre uma liturgia pascal. Nas igrejas primitivas, as exéquias eram celebradas como encerramento de um novo pascal, expressando a travessia e um novo nascimento”, figura do pai, amigo, irmão, pastor e guia (Monsenhor João Luiz Fávero).

Últimas homenagens a Dom Bruno





Lembrado pelo bom humor, pela simpatia e principalmente porque fazia questão de estar perto da comunidade. Além dos compromissos oficiais como arcebispo, costumava visitar as paróquias nos bairros...

Gratidão a Dom Bruno na sua Páscoa Eterna





Segundo o Cônego Álvaro Augusto Ambiel ele era muito brincalhão, muito assim, atencioso e é claro uma grande perda...





Por Dom Pedro Carlos Cipolini – Bispo Diocesano de Amparo – SP

__ Uma nuvem de tristeza baixou sobre o mundo! O falecimento de Dom Bruno Gamberini, Arcebispo de Campinas nos faz sentir como que uma nuvem de tristeza baixando sobre nós. A morte nos visitou mais uma vez e levou do nosso meio um homem bom! A morte é uma certeza que temos, mas, sempre, mesmo quando se esteja doente, e grave, é um imprevisto. Definitivamente, a morte não está nos nossos planos e somente na perspectiva da fé na ressurreição, podemos perceber que a morte não é o fim, mas o lugar do verdadeiro nascimento do ser humano e de toda criação.

Dom Bruno partiu para a casa do Pai. Aos sessenta e um anos de existência, ele nos deixa pesarosos; e pesarosos nos perguntamos: por que assim tão cedo deves ir? Mistério! Mistério profundo do desígnio insondável de Deus… Caminhamos na penumbra, em meio às sombras do mistério que se desvendará para nós no último dia. Caminhamos no nevoeiro, mas caminhamos à luz da fé: a vida não é tirada, mas transformada. Assim foi com o papa João Paulo I, o papa do sorriso que reinou somente trinta e três dias. A Dom Bruno foram dados sete anos como Arcebispo de Campinas, sete que na linguagem bíblica é o número da plenitude. Pouco tempo, mas ele o viveu na plenitude da entrega, do trabalho incansável e fadigoso. Não há maior amor que dar a vida pelos irmãos. Dom Bruno entregou sua vida pelo rebanho, não se poupou, fez-se tudo por nós, nós somos testemunhas disto! Por isso, por causa de nossa fé podemos dizer que ele não morreu, mas entrou na vida definitiva reservada aos que são fiéis!

Com seu carisma todo especial para tratar os outros, com sua percepção atenta à multiplicidade de temperamentos, Dom Bruno sabia se relacionar bem com todas as pessoas. Por isso o fato de ser tão querido, especialmente do povo. Seu temperamento otimista o fazia perceber em primeiro lugar o lado positivo das pessoas, buscando sempre, mais o que poderia unir do que aquilo que poderia desunir. Trabalhar pela unidade sempre foi sua meta. Alguns combatem a miséria, mas não conhecem a misericórdia, por isso poderiam não entendê-lo. Os pobres sempre o entenderam e amaram. O povo de Deus de sua tão amada Arquidiocese de Campinas o acolheu e o trouxe no coração desde o seu primeiro dia, quando aqui chegou repleto do desejo de amar e servir! Com muita sabedoria, humildade, paciência e zelo soube levar avante os trabalhos pastorais na Arquidiocese, dando nova vida ao presbitério, criando paróquias e ordenando inúmeros sacerdotes. Com abertura missionária recebeu e também enviou padres para a missão. A Arquidiocese melhorou em todos os sentidos como fruto de seu trabalho incansável.

Sua educação no trato com o povo e, sobretudo, a grande fé, sua busca pela unidade em Jesus Cristo, fazia-o perseverar sempre na alegria, esta virtude esquecida muitas vezes por nós cristãos. Servir a Deus com alegria, bendizer seu santo nome, esta foi a trajetória de Dom Bruno. Em meio a inúmeras dificuldades Dom Bruno mantinha sua alegria. Certa vez me disse: “Minha mãe me pediu para que nunca deixasse ninguém tirar minha alegria”. Assim, por causa de sua fé e em memória de sua mãe, mesmo em situações críticas, não perdia a alegria que lhe brotava espontânea do coração, como um grande ato de fé na vida, fé na vitória do bem e por fim, alegria de poder ser misericordioso com os ignorantes e malvados, como age o Pai do céu, que faz chover sobre justos e injustos.

Nomem Domini Benedictum (Bendito seja o nome do Senhor) este era seu lema de episcopado. A glória do Senhor Jesus que ele proclamou em seu ministério foi seu tesouro. Nenhum sofrimento o aniquilou por causa de sua fé na ressurreição. Quantas vezes trabalhando com Dom Bruno pude aplicar a elo as palavras de São Paulo na 2Cor cap. 4, 8-14: “De todos os lados nos apertam, mas não desamparados… visto que possuímos o mesmo espírito de fé, do qual está escrito ‘acreditei e por isso falei’, também nós cremos e por isso falamos, convencidos de que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus ressuscitará a nós com Jesus e nos levará à sua presença”.

Dom Bruno foi um ótimo comunicador. Com muita facilidade se fazia entender por todos. Deixando de lado todo comodismo, se dedicou horas e horas a gravar programas que depois eram veiculados nos meios de comunicação. Trabalho extenuante, mas gratificante, porque o colocava em contato com seus ouvintes em toda extensão da Arquidiocese e além. Porque acreditou, vivendo na dimensão do discipulado que ouve a Palavra e a medita, pode ser também missionário levando a todos a palavra do Evangelho. A guarda da Palavra foi-lhe uma rocha protetora, a base de sua vida espiritual. Ide e anunciai o Evangelho, e Dom Bruno foi e anunciou com coragem e alegria! Nós o agradecemos por isso, servo bom e fiel e certamente já recebestes o abraço do Pai das luzes na eternidade feliz.

Com certeza Dom Bruno pode pronunciar como Jesus na cruz as últimas palavras; “Tudo está consumado” (Jo 19, 30). Através do sofrimento e da dor que o afligiram nestes últimos meses, sua vida atingiu sua plenitude. Foi salvo definitivamente da morte e agora é capaz de adorar infinitamente a Deus para sempre. E então a morte não é o ponto final, mas o ponto culminante da existência que permite passar a ver tudo com os olhos do ressuscitado que vive pra sempre.

Dom Bruno ressuscitado é o que desejamos celebrar ao rezarmos em seu sufrágio. Assim podemos colocar em seus lábios as palavras do profeta Isaías 12, 2-6: “Eis o meu Deus Salvador, tenho confiança e não tremo, pois a minha força e meu canto é o Senhor! Ele foi para mim a salvação. Com alegria tirareis água das fontes da salvação e direis, naquele dia: Rendei graças ao Senhor, proclamai o seu nome, publicai entre os povos as suas façanhas, repeti que o seu é sublime. Cantai ao Senhor!”

Há dez meses, aqui mesmo nesta catedral, Dom Bruno presidiu a celebração de minha ordenação episcopal. Recordo-me de seu comportamento com minha nomeação, como foi solícito e amigo, ajudando-me em tudo, indo até mesmo apresentar-me ao clero de minha Diocese. Sou-lhe profundamente grato por tudo. Na visita que lhe fiz em sua casa o mês passado, pareceu despedir-se. Estava mais preocupado em saber como eu estava indo neste início de ministério episcopal, do que falar de sua situação. Nos despedimos com um abraço, ele me abençoou e eu o abençoei e ele me recomendou que cuidasse de minha saúde!
Dom Bruno, pastor da alegria que brota da ressurreição, descanse em paz. “Requiem arterna dona ei, Domine et lux perpetua luceat ei”. Na eternidade, ouvindo música celestial já estas na harmonia perfeita: a paz de Deus!


Cripta Arquidiocesana, onde ficará o corpo de Dom Bruno Gamberini

Por um descanso perpétuo

A cripta da arquidiocese de Campinas e seus leitos de homens santos

Fruto da luta de um homem santo, a cripta da Catedral Nossa Senhora da Conceição, de Campinas, foi criada em 1923. Dom Francisco de Campos Barreto dedicou suas forças na batalha da construção desse espaço dedicado ao legado histórico de grandes homens da Igreja.


Na época, Dom Barreto precisou de muitos esforços e da confiança nas orações para por em prática o projeto da construção da cripta. Os recursos à disposição eram limitados. Muitos fazendeiros e pessoas de poder da época eram contra o bispo, pois acreditavam que a construção da cripta descaracterizaria o projeto original da catedral. No entanto, a realização da cripta era muito mais do que uma obrigação a toda e qualquer catedral, era um sonho.


Com dedicação, a cripta saiu do papel e virou realidade em 01/02/1923. Construída com mármore carara, vindo da Itália, foi projetada com três metros de largura por oito de comprimento e três de altura.
Quem visita pela primeira vez a catedral, ou mesmo quem freqüenta diariamente o templo, não conhece a localização da cripta. Muitas vezes, o monumento dessas proporções passa despercebido pelos fiéis.


No altar da catedral, logo atrás da mesa da comunhão, está uma escada de 13 degraus que vai para o subsolo. As escadas estão cobertas por tábuas de madeira, aproximadamente 15 delas, que completam o piso da capela-mór e estão cobertas por um tapete vermelho. Imperceptível, quando fechada.


No interior da cripta, à esquerda de quem entra, vê-se nove carneiras destinadas aos restos mortais dos bispos. Destas, seis já estão ocupadas. As tampas das carneiras, pedras inteiriças de mármore, possuem pegadores reforçados de metal, que permitem a sua remoção nas ocasiões de enterramento. Em cada uma delas, está gravado em traço forte o nome do bispo e outras informações do homem ali sepultado.


A cripta é bem iluminada. Há também entradas de ar, o que deixa o ambiente bem arejado e ventilado.


Para quem entra na cripta, ainda de frente, há um pequeno altar, erguido sobre dois degraus, que completa a decoração.


O idealizador da cripta, Dom Francisco de Campos Barreto, tem seu restos mortais na Casa de Nossa Senhora. Na carneira da cripta, está a urna utilizada para transportar, na época, o corpo de Dom Barreto até a Casa de Nossa Senhora, onde recebe homenagem das Irmãs Missionárias, congregação da qual é fundador.


Agora, descansam em um sono eterno, na cripta, os homens de fé e ideais religiosos que nasceram ou foram bispos na Arquidiocese de Campinas. Quem visitar a cripta vai encontrar os seguintes nomes gravados nas pedras de mármore que guardam os históricos corpos desses grandes homens:


O Primeiro Bispo de Campinas – D. João Batista Correa Nery (1863-1920) * (spiritus domini ductor – O espírito do Senhor é o condutor);


O Segundo Bispo de Campinas - D. Francisco de campos Barreto (1877-1941)* (dominus regit me – O senhor é meu condutor);


O Bispo Auxiliar de Campinas e Primeiro Bispo de Caratinga – D. Joaquim Mamede da Silva Leite (1876-1947)* (omnia in charitate fiant – Que todas as coisa sejam feitas no amor);


O Quarto Bispo de Fortaleza – D. Joaquim José Vieira (1836-1917) * (volutatem tuam – Ensina-me a fazer tua vontade);


O Primeiro Arcebispo Metropolitano – D. Paulo de Tarso Campos (1895-1958)* (omnia in cristo – Todas as coisas em Cristo)


O Segundo Arcebispo Metropolitano – D. Antônio Maria Alves de Siqueira (1906-1993)* (in fide et lenitate – Na fé e na bondade)(Por Fabiano Fachini).

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