A Revista Divina Misericórdia, março de 2011, Curitiba, publicou interessante artigo do Padre Silvio, MIC, com o título\"Você já abortou ou mandou abortar?\", que eu, Dom Jaime Luiz Coelho - 1o. Arcebispo de Maringá, desejo levar ao conhecimento dos leitores amigos. Eis suas palavras:\"Quem aqui não teve uma namoradinha que precisou abortar?\" A frase acima não vem de uma despretensiosa conversa em um bar ou em outro lugar informal, feita por alguém sem maior responsabilidade social. Ela foi dita pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, num evento público do qual ele participava. Aliás, não é a primeira frase pública daquele governador com tamanho peso de preconceito e irresponsabilidade. Em outro momento, algum atrás, ele chegou a cogitar o aborto para os filhos dos favelados, pois gente pobre seria a causa da violência e das mazelas da sociedade. O que este governador disse traz consigo, nas entrelinhas, uma enorme gama de preconceito, inverdade e manipulação. Para começar, a sua frase é marcada por uma grande falácia: sugere que realmente todo o mundo fez um aborto, como se fosse algo tão natural como chupar uma laranja. Embora o número de abortos no mundo seja sim assustador, e com franco crescimento, não é verdade que esse tipo de assassinato seja algo assim tão difundido ao ponto de manchar a consciência de todo homem e mulher. Mas é conhecido o objetivo de se \"jogar com os números\". A idéia é simples: ao aumentar um número, cria-se a imagem de autenticidade e aprovação do mesmo. Em uma greve, por exemplo, um sindicato diz que havia três milhões de pessoas na porta da fábrica; os donos da fábrica dirão três mil...
O pensamento deste governador reflete, infelizmente, algo que tem dominado a nossa sociedade atual: a abdicação do pensar crítico, aceitando o pensamento geral. O indivíduo social tem se tornado cada vez mais um repetidor de idéias e atitudes de outros. É a famosa atitude de rebanho: onde uma vaca vai, as demais seguem. Justifica-se assim uma atitude pessoal por meio da desculpa de que\"todo mundo faz\". Uma vez que\"todo mundo faz\"algo, logo isto está correto. Nada mais pernicioso para uma sociedade do que ser formada por cidadãos que agem somente pela \"moral\" do grupo, sem ter sua própria norma de conduta, fundada em valores oriundos acima da mera convenção social. Tal sociedade é facilmente manipulada pelos que estão no poder, seguindo as mazelas dos governantes e alimentando-os em seu uso despudorado do cargo. A banalização da vida é o ponto central deste pensamento débil. Abortar e trocar um pneu do carro, por exemplo, não parecem ter muita diferença, pois é algo que, pelo menos uma vez na vida, algum homem irá fazer. A criança assassinada, a mãe traumatizada, nada disso parece ter qualquer significado a mais, pois é a seqüência \"natural\" de um namoro. Em tempos de (justa) valorização da mulher, a frase do governador do rio de Janeiro é, no mínimo, impopular. A mulher, na sua visão, não passa de um objeto de uso do homem. Caso esse objeto não funcione bem (leia-se, engravide) basta \"consertar\" ou seja, abortar e trocar de objeto (namorada).
Por fim, é altamente preocupante que a frase a qual nos referimos venha de um homem público (o governador do Rio de Janeiro), responsável direto pelo governo de um dos Estados mais promissores da Federação, e sendo ele, ainda, um formador de opinião pública. Este homem público, que jurou defender a Constituição! Ora, uma cláusula fundamental da Constituição é a defesa da vida... O código Penal brasileiro legisla sobre o aborto como crime. No entanto este governador não estaria fazendo uma apologia do crime? Eu gostaria de dizer ao senhor governador que milhões e milhões de homens e mulheres nunca mandaram sua namoradinha ou namorado abortar, acusando-os por grave erro do passado. Lembrem-se todos: a Misericórdia de Deus é infinita. Está sempre pronto para perdoar. Não é preciso cometer o aborto...
O pensamento deste governador reflete, infelizmente, algo que tem dominado a nossa sociedade atual: a abdicação do pensar crítico, aceitando o pensamento geral. O indivíduo social tem se tornado cada vez mais um repetidor de idéias e atitudes de outros. É a famosa atitude de rebanho: onde uma vaca vai, as demais seguem. Justifica-se assim uma atitude pessoal por meio da desculpa de que\"todo mundo faz\". Uma vez que\"todo mundo faz\"algo, logo isto está correto. Nada mais pernicioso para uma sociedade do que ser formada por cidadãos que agem somente pela \"moral\" do grupo, sem ter sua própria norma de conduta, fundada em valores oriundos acima da mera convenção social. Tal sociedade é facilmente manipulada pelos que estão no poder, seguindo as mazelas dos governantes e alimentando-os em seu uso despudorado do cargo. A banalização da vida é o ponto central deste pensamento débil. Abortar e trocar um pneu do carro, por exemplo, não parecem ter muita diferença, pois é algo que, pelo menos uma vez na vida, algum homem irá fazer. A criança assassinada, a mãe traumatizada, nada disso parece ter qualquer significado a mais, pois é a seqüência \"natural\" de um namoro. Em tempos de (justa) valorização da mulher, a frase do governador do rio de Janeiro é, no mínimo, impopular. A mulher, na sua visão, não passa de um objeto de uso do homem. Caso esse objeto não funcione bem (leia-se, engravide) basta \"consertar\" ou seja, abortar e trocar de objeto (namorada).
Por fim, é altamente preocupante que a frase a qual nos referimos venha de um homem público (o governador do Rio de Janeiro), responsável direto pelo governo de um dos Estados mais promissores da Federação, e sendo ele, ainda, um formador de opinião pública. Este homem público, que jurou defender a Constituição! Ora, uma cláusula fundamental da Constituição é a defesa da vida... O código Penal brasileiro legisla sobre o aborto como crime. No entanto este governador não estaria fazendo uma apologia do crime? Eu gostaria de dizer ao senhor governador que milhões e milhões de homens e mulheres nunca mandaram sua namoradinha ou namorado abortar, acusando-os por grave erro do passado. Lembrem-se todos: a Misericórdia de Deus é infinita. Está sempre pronto para perdoar. Não é preciso cometer o aborto...
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